CET tira 120‘falsos radares’ de grandes vias (para reflexão)

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pedrovidatorta

CET tira 120‘falsos radares’ de grandes vias (para reflexão)

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A placa à frente indica que há fiscalização eletrônica na via. O GPS do carro solta um bipe alertando a aproximação de um radar. Preocupado em não ser multado, o motorista, que guiava acima do limite permitido, reduz a velocidade. Porém, algumas dezenas de metros adiante nota que, na verdade, não existem radares à vista, e volta a acelerar. A situação ilustra o que tem ocorrido em grandes avenidas da capital, de onde a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) removeu 120 “falsos radares” nos meses de julho e agosto.

Esses equipamentos consistiam apenas nas caixinhas de metal para proteger as câmeras, suspensas em postes nas calçadas e canteiros das vias. Mas os aparatos eletrônicos que flagram o desrespeito às regras de trânsito não estavam dentro. Só nas marginais do Tietê e do Pinheiros, 47 dessas estruturas ocas foram removidas. A CET informou que as recolheu “para não confundir os motoristas que circulam pela cidade”.

No entanto, condutores ouvidos pela reportagem dizem ter sido “enganados” pelos aparelhos “de mentirinha”, alguns expostos por meses. “Não dava para saber se era radar de verdade ou não”, diz o assistente de vendas Sérgio Baena, de 41 anos, que anda pela Marginal do Tietê. Ele achava que um dos “falsos radares” que foram retirados fosse de verdade. O equipamento ficava na pista local, sentido Castelo Branco, perto da Avenida Santa Marina.

O microempresário Rodrigo Menon, de 38 anos, também acreditava no funcionamento dos aparelhos. “Particularmente, sempre achei que todos fossem radares.”

É justamente esse impacto psicológico em quem dirige que leva especialistas em trânsito a criticarem a retirada das estruturas. “Não entendi o raciocínio da CET. Será que é assim: onde não tem radar, eu acelero, mas onde sei que tem, diminuo? Com isso, eles estão indo contra a segurança no trânsito que eles mesmos propõem, com o controle da velocidade”, afirma o consultor de tráfego Horácio Augusto Figueira.

Segundo ele, as caixas poderiam ter sido aproveitadas para rodízio de radares. “Existem outras cidades que fazem isso. O motorista nunca sabe onde o radar de verdade está, e passa a obedecer mais as regras.” Hoje, São Paulo tem 576 radares em operação, inclusive nas avenidas onde a CET tirou as caixinhas vazias. Os equipamentos podem multar diversos tipos de infração, como excesso de velocidade e furo do rodízio.

Silvio Médici, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), também apoia a manutenção dos “falsos radares”. “São um elemento inibidor de infrações. Não sei o que levou a Prefeitura a tomar a medida, mas não contribui para a segurança do trânsito.”

Além das duas marginais, os “falsos radares” sumiram de grandes avenidas como Bandeirantes e Professor Abraão de Morais, na zona sul, Inajar de Souza, Itaberaba e Raimundo Pereira de Magalhães, na zona norte, entre outras.

A CET informou em nota que “nenhum radar foi retirado de operação” e que todos estão em “pontos perfeitamente visíveis e sinalizados”. Porém, ainda há placas sinalizando fiscalização em pontos onde não há mais “falsos radares”, como na Marginal do Pinheiros, sentido Interlagos, em frente ao Jockey Club. Além disso, os 120 antigos “falsos radares” ainda aparecem como pontos de fiscalização em alguns GPS.

http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/tag/radares/
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